Você consegue imaginar a quantidade de lixo urbano que é produzido no mundo por ano?
São mais de 2 bilhões de toneladas. E a estimativa para 2050, de acordo com o relatório What a Waste 2.0, do Banco Mundial, é de que esse número se aproxime de 3,40 bilhões de toneladas. Ou seja, a previsão é de um aumento de quase 70%.
Minimizar o impacto negativo dessa produção no meio ambiente é prioridade de gestores comprometidos com os princípios ESG. Nesse sentido, a tecnologia e a inovação podem ser grandes aliadas.
Uma das alternativas mais interessantes é a transformação de lixo urbano em energia elétrica. Além de resolver a necessidade de gestão de resíduos, esse aproveitamento se soma à oferta de alternativas energéticas limpas, outra demanda urgente nas pautas de sustentabilidade. Continue com a gente para entender essa solução!
O que é lixo urbano?
Lixo urbano é o nome popular para o conceito técnico de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), que são os restos de materiais utilizados em atividades domésticas, comerciais, de limpeza urbana (como varrição e limpeza de vias públicas) etc.
Tipos de lixo urbano
Mas “lixo” não é tudo a mesma coisa. A diversidade de resíduos sólidos torna seu tratamento um tanto complexo.
O destino possível varia de acordo com as características físicas, químicas e biológicas do resíduo. Assim, os resíduos sólidos são classificados conforme a origem, o tipo de resíduo, a composição química e a periculosidade.
São exemplos de lixo urbano os resíduos vindos da construção civil, lixo hospitalar, lixo industrial, resíduos agrícolas, resíduos de mineração etc.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) criou categorias para todos os tipos de resíduos manipuláveis, perigosos e não perigosos.
Classe I – (Perigosos): São resíduos com características físico-químicas e infectocontagiosas que podem apresentar risco ao meio ambiente e à saúde das pessoas, como tintas, óleos minerais e lubrificantes.
Classe II – (Não perigosos): Diferentemente da Classe I, não põe em risco a vida das pessoas. São divididos em A e B.
Classe II A – (Não inertes): Não têm propriedades de periculosidade. Podem ser biodegradáveis, solúveis em água ou passíveis de combustão, como, por exemplo, resíduos orgânicos, lamas e lodos.
Classe II B – (Inertes): São os resíduos que não passam nos testes de solubilidade, como sucata de ferro ou aço e entulhos.
Lixo urbano e sustentabilidade: qual é a relação entre os conceitos?
O lixo urbano está diretamente relacionado à sustentabilidade, afinal de contas, ele é uma ameaça ao equilíbrio ambiental.
Como a maioria desse lixo é despejada ao ar livre, lançada na rede pública de esgoto ou até mesmo queimada, prejudica ainda mais os ecossistemas locais.
É por isso que é tão importante (e urgente) resolver a gestão dos resíduos sólidos de forma integrada, desde a sua origem até o descarte. Assim, o desenvolvimento sustentável pode ser concretizado.
Problemas causados pelo lixo urbano ao meio ambiente
Que o lixo urbano causa problemas não é novidade. A seguir, listamos algumas das questões desencadeadas por esses resíduos:
- Aumento da concentração de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera.
- Contaminação do solo e a degradação de lençóis freáticos e de cursos d’água.
- Alagamentos e enchentes, principalmente nos centros urbanos, já que o lixo urbano impede o escoamento de água da chuva.
Como funciona o processo de transformação de lixo em energia renovável?
O lixo pode ser transformado em energia renovável porque gera biogás, um gás composto por uma mistura de gases: metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), hidrogênio (H2), gás sulfídrico (H2S), nitrogênio (N2) e oxigênio (O2).
O metano e o dióxido de carbono são os elementos mais presentes no biogás, que se forma a partir da degradação da matéria orgânica, ou seja, do lixo.
A produção de biogás acontece a partir da decomposição do lixo orgânico, e em duas fases:
A primeira é a decomposição aeróbia. Ela precisa de oxigênio para acontecer, um processo que é o princípio básico da compostagem.
A segunda etapa é a de decomposição anaeróbia. Nesse caso, há a ausência de oxigênio. São bactérias que quebram as moléculas da matéria orgânica, transformando o lixo em gases, como o gás metano, que forma o biogás.
Na geração de energia do biogás, a energia química do gás é convertida em energia mecânica por meio de um processo controlado de combustão.
Essa energia mecânica ativa um gerador que produz a energia elétrica.
O gás metano tem um percentual térmico que pode ser aproveitado de diferentes formas que não apenas gerar energia elétrica: energia térmica, uso veicular e iluminação a gás.
Como a Raízen transforma o lixo urbano em energia renovável?
Você sabia que a Raízen possui uma das maiores plantas de biogás do mundo?
Para isso, utilizamos duas fontes de resíduos:
1. Resíduos urbanos/sólidos já presentes em aterros sanitários
2. Resíduos da cana-de-açúcar, que antes eram considerados lixo agrícola e descartados, agora viram matéria para a geração de energia.
Junta a Gera, a Raízen tem 9 plantas de Geração de Energia em aterros, que geram, ao ano, cerca de 120.000 MWh, correspondendo à queima de 66.000.000 Nm³ de biogás. No total, conseguimos evitar a emissão de mais de 490 toneladas de carbono ao ano. É como se tirássemos das ruas cerca 400 carros todos os anos!
A queima do biogás do aterro impede a liberação de metano na atmosfera, que é um gás nocivo à camada de ozônio.
Você viu que, além de utilizar lixo urbano como fonte de energia, a Raízen aproveita resíduos agrícolas do processo produtivo do açúcar e do etanol para gerar ainda mais energia, reduzindo a própria produção de lixo. Esse processo segue os princípios da economia circular: saiba mais sobre isso neste artigo.