Tecnologia

SXSW 2024: devemos encarar a IA como nossa melhor amiga

SXSW 2024: devemos encarar a IA como nossa melhor amiga

Por: Fabio Mota Data: 19/03/2024 Tempo de leitura: 5 Minutos

Desde 1987 milhares de pessoas se reúnem em Austin, nos Estados Unidos, para discutir os temas mais importantes relacionados à criatividade. O que começou como um festival para discutir as últimas tendências em entretenimento e cultura, passou a adotar a tecnologia como um de seus pilares, dado o impacto que esta passou a ter sobre as temáticas discutidas no evento. O foco em 2024 não poderia ser diferente: a inteligência artificial, mas não do jeito que pensávamos.

Era sabido que a IA seria a grande protagonista da agenda, porém, me chamou a atenção o foco que vem sendo dado a ela: uma poderosa auxiliar do ser humano, deixando para trás a ideia de que ela o substituiria por completo. Aqui no Texas, os diversos painéis e discussões que acompanhei mostram que a IA não substituirá os gestores, mas gestores que utilizam IA substituirão gestores que não a utilizam. Na prática, isso mostra que o seu impacto na sociedade será determinado pelo modo como os seres humanos irão utilizá-la, garantindo que ela seja aplicada de forma responsável e vista como uma aliada.

Outro tema bastante enfatizado foi a governança sobre aquilo que está sendo desenvolvido, não no intuito de barrar ou desacelerar a inovação, mas sim garantir que ela está sendo desenvolvida com um propósito positivo, corporativo e social.Muito se fala ainda de grandes potências que se destacam conforme a assertividade de suas soluções. Vimos, por exemplo, a NVIDIA - multinacional de tecnologia desenvolvedora da plataforma de IA, NeMo - virar protagonista em um campo onde Intel e AMD brilhavam, novas marcas de carros elétricos e autônomos em um local onde a Tesla reinava sozinha e até mesmo o ChatGPT da OpenAI, que puxou o boom da inteligência artificial generativa e já oferece espaço para uma série de novas alternativas.

A Raízen tem sido uma líder na adoção de Inteligência Artificial em suas operações, revolucionando processos que vão desde o monitoramento agrícola até a logística e administração de frota. Com o auxílio da IA, a Raízen conseguiu aumentar significativamente sua eficiência operacional, diminuir despesas, elevar a produtividade e garantir mais segurança em suas atividades. A IA segue sendo um elemento crucial nas operações, com planos ambiciosos para ampliar ainda mais sua aplicação nesta frente tecnológica avançada.

Não sei se há um efeito psicológico ou antropológico que ajuda a explicar, mas estar no evento e assistir ou encontrar personalidades como Amy Webb, Chris Dixon, Sandy Carter, Peter Deng e Ian Beacraft, seja nas grandes palestras ou nos (vários) happy hours mais intimistas, potencializa a oportunidade de troca e reflexão. Algumas são mais enfáticas, como a discussão sobre se a singularidade tecnológica ocorrerá em 2045 e outras são mais cautelosas, como a afirmação de que “ainda não enxergamos todo o real impacto que a IA causará”.

Assim como tivemos a curva de adoção da internet e dos celulares, com a IA não será diferente. E quão logo os chamados usuários entendam que esse não é um sistema que a área de tecnologia vai construir, mas sim ferramentas de uso diário, como o Microsoft Excel, que estão à disposição para qualquer um utilizar e encontrar sua melhor forma de extrair valor, mais rápido será esse incremento de uso e extração de valor. Dentro da agenda de sustentabilidade, um ponto que chama a atenção é que o uso de IA tem ajudado empresas a otimizarem seus processos e, consequentemente, consumirem menos recursos da natureza. Isso por si só não é algo novo em termos de objetivos, já que esse é o jeito que a indústria sempre evoluiu, mas chama a atenção a democratização, expansão, aceleração de pesquisa e desenvolvimento de novas soluções. A IA tem permitido, entre outras coisas, maior experimentação e processos menos custosos. A exemplo disso, aquilo que seu viu no processo de desenvolvimento da vacina para o COVID em tempo recorde, também tem se aplicado na busca por soluções mais sustentáveis nos cases de manufatura.

Os desenvolvedores de tecnologias continuam e continuarão muito otimistas, afinal, esse é o papel deles. Cabe aos executivos serem o ponto de equilíbrio entre o que é tendência e o risco necessário para se manter à frente perante os concorrentes e o pé no chão para não comprometer, antes do tempo, a bala de prata que sustenta todo o futuro. Veremos o que o horizonte nos reserva.

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