A transição energética é uma estratégia que visa diminuir, de forma gradual, o consumo de matéria-prima de origem fóssil (não renovável). Essa é uma estratégia adotada pela Raízen, que é a maior produtora em larga escala de derivados da cana-de-açúcar, como o etanol e a bioeletricidade, ambos originários de matéria-prima renovável.
Por entender que a energia do futuro é renovável, é preciso diversificar as formas de obtenção energética e buscar por fontes que sejam sustentáveis – como é o caso da cana-de-açúcar, utilizada para produzir o etanol distribuído pela Raízen, e da energia elétrica vinda de hidrelétricas, por exemplo.
A transição energética propõe uma transformação no jeito de produzir e consumir energia, visando reduzir a dependência das fontes fósseis, por meio da adoção de fontes limpas e renováveis.
O que é transição energética?
A transição energética está associada a mudanças na estrutura da matriz energética mundial. Entre os condicionantes que embasam essa transição, estão o desenvolvimento sustentável, as mudanças climáticas, as inovações tecnológicas, a digitalização, o uso eficiente dos recursos energéticos e as fontes de baixo carbono.
O contexto atual exige uma “redução rápida e imediata” das emissões de gases do efeito estufa (GEE) para evitar catástrofes ainda maiores do que as já observadas. Os biocombustíveis são capazes de acelerar a redução de emissões e a transição energética no curto prazo.
A transição não deve ser feita sem o devido planejamento. Pelo contrário, deve-se analisar caso a caso as melhores políticas e tecnologias para evitar riscos, como o de falta de energia e de altas nos preços, por exemplo, e amplificar sinergias. A adoção de biocombustíveis também corrobora com alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pela Organização das Nações Unidas:
- 3- Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em todas as idades;
- 7- Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todas e todos;
- 11- Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis;
- 13- Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos.
Qual é a importância de investir em transição energética?
É consenso a necessidade de reduzir as emissões de GEE de maneira rápida e imediata para limitar o aquecimento global, consequência dos impactos ambientais gerados pela humanidade moderna, que vem ocasionando um aumento da temperatura média global em 0,2 °C a cada 10 anos.
Outros impactos já são observados e alguns podem ser de longa duração ou irreversíveis, como a perda de ecossistemas, danos à saúde humana, ameaça à segurança alimentar, entre outros. Com as mudanças propostas em relação à transição energética, projeta-se que a partir de 2050 as emissões globais de GEE podem regredir, principalmente devido à combinação do uso intensivo de energias renováveis e tecnologias de captura e armazenamento de CO2.
Assim, o uso sustentável de bioenergia, medidas que visam a preservação das florestas e um melhor manejo das terras cultiváveis, além do aumento significativo do portfólio de energias renováveis (como elétrica, eólica, fotovoltaica e biomassa) representam um dos principais caminhos utilizados para reduzir as emissões de GEE e atingir a meta de limitar o aumento da temperatura global em 2 °C até 2030, segundo o Acordo de Paris.
Mudanças climáticas e transição energética: entenda a relação
Para entender a relação entre mudanças climáticas e transição energética, é necessário considerar nossa dependência por combustíveis fósseis. Esses combustíveis fósseis como carvão, o petróleo, o gás natural, o betume, o xisto, entre outros, ainda são as principais fontes de energia utilizadas atualmente e, para enfrentar o avanço do aquecimento global e reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE) produzidos principalmente pela queima desses combustíveis,, a transição energética é urgente.
Além de buscar por investimentos em infraestrutura para a geração e distribuição de energia limpa, a transição enfrenta outros desafios. São necessárias políticas públicas, redução de custos e muita conscientização para que essa mudança seja efetiva.
No setor de transportes e na indústria, onde a descarbonização é ainda mais difícil, o uso de biocombustíveis, como hidrogênio verde, biogás e etanol, pode ser uma alternativa para diminuir as emissões de carbono.
A transição energética é, portanto, uma oportunidade não apenas de mitigar o avanço das mudanças climáticas, mas também de promover o desenvolvimento sustentável.
Como a transição energética acontece?
A transição energética para uma economia de baixo carbono acontece de forma gradativa e a longo prazo. É improvável que, em um curto espaço de tempo, todo um país deixe de consumir combustíveis fósseis, mas ações governamentais podem incentivar a indústria, empresas do setor privado e a sociedade civil nessa mudança.
Um exemplo é a menor taxação e consequente diminuição do preço do etanol que podem, por exemplo, levar ao seu maior consumo em relação à gasolina e diesel, combustíveis que também liberam GEE.
Nesse sentido, o uso de biocombustível contribui significativamente para alcançar as metas de redução das emissões propostas no Acordo de Paris. Dentro do contexto de transição energética e desenvolvimento sustentável, estudos têm evidenciado que fontes alternativas e renováveis de energia são fundamentais para frear o aumento da temperatura global em 2 °C até 2030, em comparação com os níveis pré-industriais.
É importante entender que a transição energética já está acontecendo, mas que precisa da ação combinada de diferentes esferas da sociedade para ser realmente posta em prática – por isso se diz que essa é uma mudança gradual.
A longo prazo, a diversificação e complementaridade entre as fontes renováveis são fundamentais para a transição energética. A introdução de veículos alternativos vem acompanhada de limitações e desafios para sua implantação em massa – especialmente porque, atualmente, ainda não existe uma única tecnologia com bom desempenho em todas as categorias de impacto ambiental.
Quais são os 5Ds da transição energética?
A transição energética pode ser pensada usando cinco passos, ou 5Ds, que são: a descarbonização, a descentralização, o desenho de mercado, a democratização e a digitalização.
1 - Descarbonização:
A descarbonização refere-se à substituição de fontes de energia que liberam CO2. Mais especificamente, trata-se de substituir a energia proveniente dos combustíveis fósseis por fontes renováveis, como energia eólica, solar, de biomassa, entre outros.
2 - Descentralização
A descentralização aborda a produção e distribuição da energia. Um bom exemplo aqui é a energia fotovoltaica, que pode ser obtida pelos próprios consumidores por meio de placas solares. Dessa forma, o proprietário de uma casa pode instalar o equipamento, gerando a própria energia que consome. Com a produção ocorrendo no mesmo local do seu consumo, não há deslocamento de energia, evitando desperdícios no transporte.
Esse conceito está atrelado à ideia de descentralizar a energia, permitindo que ela possa ser produzida e distribuída em menor escala por qualquer pessoa física.
3 - Digitalização
A digitalização não se refere diretamente à energia, mas à integração entre a produção energética e a utilização de inovação e tecnologias digitais que possam otimizar, automatizar e acelerar o processo da transição energética.
4 - Desenho de mercado
O desenho de mercado trata da forma como os mercados financeiro e de trabalho vão interagir com as mudanças no setor energético e como a energia será comercializada. Aqui, é preciso pensar em toda a regulamentação, incentivos, vantagens do ponto de vista financeiro e todo o impacto positivo socioambiental que o processo de transição energética pode trazer.
5 - Democratização
A democratização fala exatamente sobre o processo de diminuição das desigualdades no acesso à energia e sobre a produção de energias limpas (de fontes renováveis) durante a transição energética. Para ser sustentável, o processo também precisa considerar a dimensão social.
Como a digitalização do setor elétrico contribui para a transição energética?
A adoção da digitalização do setor elétrico representa uma série de vantagens, tanto para quem produz energia, quanto para os consumidores. Digitalizar esse sistema possibilita uma maior integração das fontes de energia, um aumento de eficiência e a redução das emissões de GEEs.
Com ferramentas automatizadas, é possível obter informações em tempo real sobre a geração de energia, entender o consumo de cada cliente, analisar os desafios de cada região e, assim, fornecer soluções energéticas específicas.
A digitalização, além de estimular a inovação, também viabiliza a descentralização do sistema de energia, fazendo com que os custos de produção caiam, representando economia para o consumidor final. Essa também é uma forma de abrir caminhos para a comercialização do excedente de energia gerada de forma local para a rede elétrica, contribuindo para a diversificação da matriz energética.
Com a implementação desse tipo de tecnologia, é possível acelerar a transição energética com soluções mais inteligentes, eficientes e sustentáveis.
Matriz e transição energética: qual é a diferença?
A matriz energética é uma representação de todos os recursos energéticos disponíveis para serem utilizados nos diversos processos produtivos de um país. A matriz energética do Brasil está dividida em: biomassa de cana (19,1%), hidráulica (12,6%), lenha e carvão vegetal (8,9%) e outras renováveis (7,7%); e as não renováveis, petróleo e derivados (33,1%), gás natural (11,8%), carvão mineral (4,9%), urânio (1,3%) e outras (0,6%), de acordo com o Relatório Síntese do Balanço Energético Nacional 2021, da EPE.
Já a transição energética se refere ao aumento da porcentagem de participação de fontes de energia renováveis nessa matriz. O Brasil, por exemplo, já tem uma matriz energética bem diversificada, mas durante seu processo de transição precisa expandir o uso de energias renováveis e diminuir o uso de fontes não renováveis, como o petróleo.
Quais são os benefícios da transição energética?
Alguns dos benefícios da transição energética são:
- Redução da dependência da utilização de fontes fósseis
- Limpeza da matriz elétrica e energética do mundo
- Redução das emissões de GEE de maneira rápida (descarbonização) para combater o aquecimento global
- Preservação de ecossistemas e diminuição dos impactos ambientais
- Redução de danos à saúde humana e das ameaças à segurança alimentar
- Uso de energias renováveis e tecnologias de captura e armazenamento de CO2
- Incentivo ao uso de tecnologia e soluções inovadoras nos processos produtivos
- Estímulo a adoção dos princípios da Economia Circular em diferentes processos, produtos e negócios, visando redução da geração de resíduos
- Garantia de bem-estar para a sociedade e melhor qualidade de vida
Transição energética no Brasil: qual é o nosso cenário?
Há anos o maior percentual de energia elétrica no Brasil vem de fontes renováveis, as hidrelétricas. Por isso, podemos afirmar que o Brasil já era um país mais avançado que outros quando se trata da utilização de fontes renováveis para geração de energia. Porém, ainda dependemos muito da utilização de combustíveis fósseis, principalmente no transporte e deslocamento de objetos e pessoas.
Sabemos que o principal meio de transporte brasileiro ainda é o rodoviário, o que faz o país ainda ser dependente de petróleo para a produção de combustíveis fósseis como no caso da gasolina, mas temos algumas iniciativas em relação a essa questão.
O setor sucroenergético é um dos que mais contribuem para a alta participação das energias renováveis de biomassa, com grande potencial de redução de emissões no futuro. A exemplo do etanol hidratado, o anidro – que é adicionado à gasolina –, o biodiesel e o diesel verde (HVO), além de diversos projetos para eletrificação de frota. O RenovaBio, programa que estimula a expansão de biocombustíveis, é considerado um exemplo mundial, sendo o maior programa de descarbonização nos transportes do mundo.
Além do etanol hidratado, temos a bioeletricidade e biomassa para geração de calor e para operações mecânicas. Essas fontes de energia são e serão fundamentais para substituir o uso de combustíveis fósseis, conforme estabelecido nas metas da NDC, sigla em inglês para Contribuição Nacionalmente Determinada. Tais metas envolvem compromissos voluntários criados por cada país signatário do Acordo de Paris para colaborar com o objetivo global de redução de emissões de gases do efeito estufa.
Com isso, é possível visualizar uma matriz energética brasileira mais limpa em comparação a outros países, conforme no gráfico abaixo:
Transição energética no mundo
Assim como no Brasil, a transição energética em escala mundial já é algo discutido há muitos anos, inclusive em encontros internacionais e por meio de documentos como o Protocolo de Kyoto.
E, mais recentemente, em acordos como o de Paris, assinado por 195 países em 2015, quando os países participantes concordaram em diminuir, ou até mesmo extinguir, as emissões de gases de efeito estufa (GEEs). Países como a Holanda e a França pretendem não apenas utilizar energia limpa em indústrias e domicílios, mas diminuir inclusive a quantidade de veículos movidos a combustíveis fósseis nos próximos 20 anos.
Outro evento importante foi a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, a COP 26, em 2021. Nela, China e Estados Unidos, os maiores produtores de GEE, fizeram um acordo em que prometem eliminar progressivamente o uso de carvão como fonte de energia, limitar a emissão de carbono e agir para manter a temperatura global em níveis aceitáveis.
A partir do discutido no Acordo de Paris, o Departamento de Energia Americano informou que o objetivo dos Estados Unidos é ter 45% da sua matriz energética na fonte solar até o ano de 2050, tendo o estado da Califórnia como referência nessa transformação. Já a União Europeia, informou por meio de seu órgão correspondente que, por meio de incentivos fiscais e outras facilidades, pretende ter sua matriz energética 100% limpa até 2030, sendo que 38% da energia do continente já é gerada através de painéis solares e usinas eólicas.
Qual é o papel das empresas na transição energética?
Muitas empresas estão sendo cobradas por mercado, clientes, acionistas, investidores e demais stakeholders para reduzir sua pegada de carbono de seus processos, produtos e serviços, bem como a emissão de gases do efeito estufa (GEEs). Por isso, acabam procurando soluções que reduzam e tornem mais eficiente o uso de energia de suas operações e processos.
Vale destacar que a transição energética é tão relevante que está relacionada com a Agenda Global, conectando-se ao ODS 7 “Energia Acessível e Limpa” e à meta da ONU de “Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos”.
Existem algumas maneiras de as empresas contribuírem com o processo de transição energética:
- Substituir fontes de energia não renováveis por fontes alternativas
- Adotar certificações de energias renováveis reconhecidas mundialmente, como I-RECs
- Definir compromissos públicos vinculados ao uso de energias renováveis, redução de emissões de gases do efeito estufa e transição energética
- Estruturar e elaborar métricas que estejam atreladas à transição e conectá-las na gestão estratégica do negócio
- Adotar, se possível, a circularidade (princípios da Economia Circular) em seus processos, produtos e serviços, visando a redução da produção de resíduos e a otimização dos seus processos
A Raízen, por exemplo, apresenta-se como um grande player internacional com um portfólio diversificado de renováveis. A empresa trabalha para ser cada dia “mais limpa” e colaborar para a transição energética de outras empresas e mercados, por meio do fornecimento de produtos com maior potencial de descarbonização. Com a produção de etanol e bioeletricidade com derivados da cana-de-açúcar, etanol de segunda geração (E2G), biogás, bioeletricidade, pellets e geração distribuída de energia solar.
Além disso, busca sempre a maior eficiência das operações e o maior aproveitamento energético da matéria-prima e subprodutos da cana-de-açúcar, sendo uma empresa diferenciada no mercado de etanol, pois produz combustíveis avançados a partir do reaproveitamento de resíduos, aumentando o potencial de descarbonização e reduzindo a pegada de carbono de seus produtos.
Desafios futuros da transição energética
Apesar de todas as mudanças, tanto em níveis nacionais como mundiais, a transição energética representa um imenso desafio para toda a sociedade. O aquecimento global e os impactos negativos das mudanças climáticas já registrados como ameaças representam um dos maiores motivos para essa transformação.
Esta é a década que os cientistas apontam como decisiva no que se refere às mudanças climáticas, ou também chamada como “Década da Ação”. Por isso, ações como a diminuição da emissão de combustíveis fósseis são indispensáveis, mas não são garantia de que o quadro pré-industrial possa ser alcançado novamente. Isso porque a diminuição de GEEs pode minimizar os impactos das mudanças climáticas, mas vale destacar que alguns desses impactos já são irreversíveis.
Em meio a esse cenário de incertezas, é essencial substituir combustíveis fósseis por energias limpas e renováveis e aumentar a eficiência energética e os esforços para o desenvolvimento de tecnologias que sejam aliadas nesse processo de transição. Por isso, a transição energética precisa ser pensada em esferas locais e globais.