O agronegócio está mudando: a monocultura dá lugar à rotação de culturas, os combustíveis fósseis tradicionalmente usados dão lugar às energias renováveis. Até mesmo a mão de obra manual antes tão utilizada, abre espaço para o uso de mais tecnologia no campo. As mudanças com foco em agricultura sustentável se fazem cada vez mais necessárias.
Mas se engana quem pensa que a sustentabilidade na agricultura é um conceito recente. Essa proposta surgiu no início dos anos 1970, com a intensificação e percepção dos impactos negativos da agricultura tradicional causados ao meio ambiente.
O termo “agricultura sustentável” foi definido mais precisamente em 1977, pela USDA (United States Department of Agriculture), como um sistema integrado de práticas de produção vegetal e animal, que impactam no longo prazo na economia, na sociedade e no meio ambiente.
Ao longo deste artigo, vamos explorar a agricultura sustentável como conceito e prática para muito além da conservação de recursos naturais. Entenderemos sua influência na demanda alimentar da sociedade como um todo e no futuro das próximas gerações. Vamos lá?
O que é agricultura sustentável?
De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), a agricultura sustentável é o manejo e a conservação dos recursos naturais, garantindo a satisfação contínua das necessidades humanas para as atuais e futuras gerações.
Ou seja, a agricultura sustentável engloba diversas ações e mudanças na forma de cultivo e na capacidade produtiva do campo. Alguns exemplos são a oferta de produtos mais nutritivos, saudáveis e de alta qualidade para os consumidores, além do aumento na rentabilidade e produtividade dos agricultores.
Neste cenário, algumas ações práticas da agricultura sustentável são:
- usar tecnologias de precisão, como drones, VANTs, satélites, sensores e softwares;
- alternar culturas em um mesmo terreno;
- usar técnicas para garantir o uso eficiente da água, como a irrigação por gotejamento;
- fazer o manejo integrado de pragas;
- conservar áreas naturais, para manter a diversidade biológica.
Diferenças entre agricultura sustentável, convencional e orgânica
Mas você sabe qual é a diferença entre agricultura sustentável, convencional e orgânica? Muitas pessoas ainda confundem essas variações, principalmente com relação aos seus impactos no consumo.
A agricultura convencional é aquela que utiliza ferramentas e métodos tradicionais de cultivo e manuseio. Exemplo disso é a falta de apoio de tecnologias para otimização do cultivo e o uso indiscriminado de defensivos agrícolas no solo.
Já a agricultura sustentável utiliza a inovação a seu favor, com tecnologias de precisão, a redução ou extinção dos defensivos agrícolas, minimizando os impactos causados no meio ambiente e aderindo ao uso de biológicos.
O cuidado com as comunidades do entorno dos cultivos e o respeito aos direitos humanos e trabalhistas dos agricultores também fazem parte do conceito sustentável.
Agora, quando falamos de agricultura orgânica, a prioridade é a entrega de produtos mais saudáveis utilizando técnicas específicas, como os adubos naturais, compostagem, minhocultura, policultura. Portanto, ela se fundamenta na não utilização dos defensivos agrícolas, sem necessariamente utilizar as formas mais sustentáveis de plantio
Entenda: agricultura sustentável pode ser orgânica, mas nem sempre a agricultura orgânica é sustentável. Além disso, ambas são diferentes do modelo convencional.
A relação entre agricultura sustentável e desenvolvimento sustentável
A agricultura sustentável é uma base essencial para o desenvolvimento sustentável. Quase tudo começa no campo.
Um exemplo é a produção do açúcar ou da energia a partir da cana. Mesmo a matéria-prima (cana-de-açúcar) possibilitando a produção de energia renovável, é o desenvolvimento sustentável que garante o crescimento no longo prazo.
Na Raízen utilizamos as melhores práticas de sustentabilidade para otimizar o uso da terra e dos recursos naturais, bem como reduzir e gerir resíduos. Também investimos em tecnologia para prevenir e combater pragas com eficiência e uso racional de defensivos (veja mais detalhes no final deste artigo).
Esse entendimento se expande aos nossos fornecedores de cana com o suporte dos nossos programas Elos Raízen e Jornada Cultivar.
Elos Raízen garante a melhoria contínua de toda a cadeia da cana, com uma consultoria personalizada para identificar e sanar possíveis problemas que possam interferir no desenvolvimento das produções e do negócio.
A Jornada Cultivar integra novas ferramentas e sistemas, visando a gestão de riscos e o aumento da eficiência do negócio.
O objetivo principal de aliar programas como esses na estrutura de uma agricultura sustentável é trazer inovação e tecnologia para os fornecedores. E é com colaborações como essas que reforçamos o desenvolvimento, tão necessário para práticas de sustentabilidade no campo.
Saiba mais sobre Elos e Jornada Cultivar
Benefícios da agricultura sustentável
Mas, afinal, como a agricultura sustentável pode beneficiar consumidores e produtores? Precisamos ter em mente que, ao explorar este universo, estamos construindo um futuro em que os benefícios refletem tanto no meio ambiente quanto na economia agrícola.
Abaixo, vamos destacar os principais benefícios da agricultura sustentável:
- melhora na oferta de alimentos mais saudáveis e com qualidade superior;
- redução de custos e foco na rentabilidade;
- aumento da produtividade e enriquecimento do solo;
- redução do desperdício na produção de alimentos;
- diminuição da erosão e degradação do solo;
- conservação do meio ambiente e prevenção da poluição;
- acesso a mercados exigentes, como o da União Europeia.
Ao optarmos por práticas sustentáveis, modelamos um ambiente mais saudável e ampliamos os ganhos na agricultura.
Práticas de agricultura sustentável
Partindo para a prática, alguns fatores integram soluções e iniciativas para a produção, refletindo no consumidor e no mercado.
- Utilização de biocombustíveis e bioenergias
O emprego de biocombustíveis provenientes de fontes agrícolas renováveis, como a cana-de-açúcar, reduz a dependência de combustíveis fósseis, minimizando as emissões de gases de efeito estufa. Além disso, a produção de bioenergia a partir de resíduos agrícolas e biomassa contribui para a gestão sustentável de resíduos, transformando-os em fontes de energia limpa.
- Educação ambiental sustentável
Para tornar essas práticas replicáveis no longo prazo, é preciso educar o produtor e a sociedade, com informações confiáveis e objetivas, sobre os benefícios da agricultura sustentável. Isso impacta tanto para a saúde do negócio e dos consumidores quanto para o meio ambiente.
- Conservação do solo e da água
Com modificações no sistema de cultivo, além de controlar a erosão, a prática da conservação contribui para manter ou até mesmo aumentar a fertilidade do solo. O mesmo se aplica a reutilização da água no plantio.
- Rotação de culturas
A alternância de culturas conserva a estrutura do solo, evitando desgastes e contribuindo para sua fertilidade a longo prazo. Aliás, a rotação de culturas deposita na terra uma variedade de nutrientes, evitando seu empobrecimento e reduzindo a necessidade de fertilizantes químicos.
- Integração de sistemas agroflorestais
Essa integração influencia fatores como a combinação de árvores, arbustos e cultivos agrícolas, para criar um ecossistema diversificado, favorecendo a conservação da biodiversidade; a melhoria da qualidade e enriquecimento do solo, assim como a irrigação natural, que reduz a dependência de recursos hídricos externos.
Crédito de carbono na agricultura sustentável
A integração do crédito de carbono na agricultura sustentável representa um avanço notável em direção à neutralização das emissões de gases de efeito estufa.
Nesse contexto, o crédito de carbono é um mecanismo que permite às empresas compensarem suas emissões investindo em projetos que reduzam ou removam gases causadores do efeito estufa da atmosfera.
Na prática, os agricultores adotam iniciativas sustentáveis que contribuem para a redução das emissões de carbono, como a adoção de técnicas de manejo do solo que absorvem carbono, ou a implementação de sistemas agroflorestais que promovem a captura de CO2.
Essas ações geram créditos de carbono, que podem ser negociados no mercado, criando um estímulo financeiro para a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis.
Neste setor, a Raízen se destaca por adotar práticas inovadoras e sustentáveis na agricultura, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas e fortalecendo o mercado.
Saiba como estamos atuando através dos nossos principais
Portanto, o crédito de carbono na agricultura sustentável representa uma transação financeira, assim como uma ferramenta poderosa para impulsionar a transição para práticas agrícolas mais sustentáveis e economicamente viáveis.
Leia também: Agronegócio digital: entenda a importância dessa mudança
Desafios da agricultura sustentável
Enfrentar os desafios da agricultura sustentável implica em reconhecê-los e empreender esforços para superá-los.
Nessa jornada sentido às práticas agrícolas mais conscientes e ecologicamente equilibradas, nos deparamos com obstáculos consideráveis, cada um exigindo uma abordagem única para sua resolução.
- Resistência à mudança: A primeira barreira a ser transposta é a resistência à mudança. A transição para práticas agrícolas sustentáveis pode esbarrar na relutância dos agricultores em abandonar métodos tradicionais. A adaptação a novas técnicas demanda tempo e recursos, criando uma hesitação natural na adesão.
- Necessidade de investimentos: Num cenário em que as práticas agrícolas convencionais têm raízes profundas, a mudança para a sustentabilidade requer investimentos substanciais. Tecnologia, treinamento e infraestrutura são elementos-chave, mas nem sempre há alinhamento entre a visão de um cultivo mais sustentável e a disponibilidade de recursos financeiros.
- Condições climáticas e geográficas: O terceiro desafio emerge das complexidades impostas pelas condições climáticas e geográficas. Diferentes regiões podem enfrentar obstáculos únicos na implementação de práticas sustentáveis, seja por climas extremos, topografias desafiadoras ou limitações hídricas.
Ao forjar o futuro com soluções criativas e estratégias inovadoras, podemos trilhar um caminho mais sustentável para a agricultura, superando obstáculos com determinação e visão de longo prazo.
O papel da Raízen na agricultura sustentável
Mas, afinal, qual é o papel da Raízen neste cenário?
A sustentabilidade é a base do negócio e investir em uma agricultura sustentável fortalece nossos compromissos públicos para os próximos anos. Do mesmo modo, impacta nas soluções que desenvolvemos e nas parcerias que fortalecemos com agricultores e a indústria.
Veja só algumas das muitas conexões Raízen com a transição agrosustentável:
Certificação Bonsucro:
Bonsucro é uma certificação global dedicada a reduzir os impactos ambientais e sociais da produção de cana-de-açúcar, seus produtos e subprodutos, reconhecendo também a necessidade de viabilidade econômica.
Fomos a primeira empresa do mundo a ser certificada no padrão Bonsucro e somos a única a assumir o compromisso de certificar todas as nossas plantas industriais.
Atualmente 24 dos nossos 35 parques de bioenergia em operação já têm a certificação. Para isso, impulsionamos esses critérios em nossas operações e engajamos nossos parceiros na jornada pela sustentabilidade. Por meio do Programa ELOS, incentivamos e oferecemos suporte para que todos os atores se mantenham alinhados às melhores práticas ambientais e sociais.
Programa ReduZa:
Buscando uma postura protagonista e sustentável criamos o ReduZa – programa de gestão hídrica Raízen. Por meio da iniciativa, focamos em promover a resiliência hídrica do negócio através do reaproveitamento da água dentro de nossos processos e eliminação de desperdícios e interação com a água como um recurso compartilhado.
Nossa política de águas e gestão hídrica, juntamente com nossos procedimentos internos, garante que toda a companhia esteja alinhada quando falamos aonde queremos chegar e como faremos.
- Redução da captação de água de fontes externas e aumento da eficiência energética
- Investimento em tecnologia e boas práticas de reúso
- Conscientização da operação e comunidades do entorno sobre o melhor uso da água
Programa ELOS:
O Programa ELOS Raízen é voltado à promoção da melhoria contínua por toda a cadeia de cana-de-açúcar, contribuindo para a qualidade de vida de trabalhadores rurais, a preservação do meio ambiente e a prosperidade dos negócios dentro e fora da lavoura.
A iniciativa é conduzida por um time de especialistas e conta com a parceria das Organizações não Governamentais (ONGs) Fundação Solidaridad, especializada no desenvolvimento de cadeias de produção sustentáveis, e Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), reconhecida instituição de acreditação para o desenvolvimento do programa.
Economia Circular nos Produtos:
A economia circular é um conceito estratégico em que os resíduos são insumos para a produção de novos produtos orientados por três eixos:
- Eliminar resíduos e poluição desde o princípio;
- Manter produtos e materiais em uso, em seu mais alto valor;
- Regenerar sistemas naturais;
Na Raízen, esse conceito está presente em diversas fases dos processos produtivos, como na produção de etanol de segunda geração e de bioenergia a partir de bagaço, na reutilização da água da cana-de-açúcar no processo, na utilização dos resíduos industriais como fertilizantes no campo, entre outras iniciativas.
A gestão de resíduos e a otimização de recursos naturais na Raízen são baseadas na eficiência de nossos processos, garantindo uma maior geração de valor e perenidade do negócio.
Essas são apenas algumas das iniciativas Raízen. Focamos nossas soluções e ferramentas em uma inovação sustentável, o carro-chefe da nossa busca por uma transição energética mais justa e eficiente, do campo até as casas e empresas.
Uso da terra
O setor sucroenergético acaba sendo extremamente importante para a oferta de energia renovável e descarbonização da matriz energética brasileira.
Frente a essa demanda e dado que a terra se tornou um recurso um escasso, adotamos uma meta compromisso de aumentar a geração de energia renovável por unidade de área agrícola, considerando nossa produtividade agrícola eficiente.
O uso otimizado e legalidade comprovada desse recurso é um aspecto chave para garantirmos nosso alto padrão de sustentabilidade e nossa produtividade.
E aí, curtiu o conteúdo?
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