Você já deve ter ouvido falar em descarbonização. Mas você entende esse conceito? Neste artigo, vamos não só apresentar o que é a descarbonização, mas também entender a importância dela para a economia global.
Além disso, você vai entender mais sobre como a Raízen é parceira na jornada de descarbonização de diferentes negócios.
O que é descarbonização e por que ela é tão importante?
Descarbonização é o processo de redução da emissão de gases do efeito estufa (GEE), especialmente o dióxido de carbono (CO₂), na atmosfera.
Vale deixar claro: nem o carbono, nem o dióxido de carbono são um problema em si. Pelo contrário, eles são vitais para a vida no planeta.
O problema é o excesso de emissões desse gás para além do natural. Hoje, uma das maiores fontes de emissão de CO₂ é a queima de combustíveis fósseis, como carvão mineral, derivados de petróleo e gás natural. O amplo uso deles como fonte de energia começou na Revolução Industrial no século 18. De lá pra cá, só aumentou.
É esse excesso que provoca o efeito estufa e acelera a elevação da temperatura média global. Cientistas calculam que a temperatura média do planeta aumentou em torno de 0,5 °C nos últimos 100 anos. E, se mantivermos o nível de emissões, ela deve aumentar em 4 °C até o final desse século.
Isso resulta em mudanças climáticas e na maior frequência e intensidade dos desastres naturais, que já começamos a testemunhar. Para tentar conter esse aquecimento global, 195 países assinaram o Acordo de Paris em 2015.
O objetivo desse acordo é evitar que a Terra esquente mais de 2 °C acima dos níveis pré-industriais. Eles concordaram que tentar limitar o aumento da temperatura a 1,5 °C seria ainda melhor, reduzindo bastante os riscos e impactos das mudanças climáticas.
Aí entra a importância da descarbonização e de chegarmos a uma economia net zero ou carbono neutro. Ou seja, um sistema em que as emissões de GEE são nulas ou compensadas, resultando em um impacto líquido zero no clima.
Mas, então, como descarbonizar?
A descarbonização (ou seja, a redução das emissões de CO₂) ocorre principalmente por meio da transição energética. Ou seja, a partir da diversificação da matriz energética com o intuito de substituir as fontes fósseis por fontes renováveis.
Nesse contexto, o Brasil tem se destacado por suas iniciativas de incentivo aos biocombustíveis, como etanol, biodiesel, entre outros, que são fontes renováveis e de baixa emissão de carbono.
Um exemplo dessas iniciativas é o RenovaBio, a Política Nacional de Biocombustíveis. Ele estabelece metas de redução de emissões para os distribuidores de combustíveis, certifica a produção de biocombustíveis e gera Créditos de Descarbonização (CBIO), que valorizam as boas práticas.
Outro exemplo é o Projeto de Lei do Combustível do Futuro, ainda em tramitação no Congresso. Este projeto propõe medidas para estimular o uso de combustíveis sustentáveis no setor de transportes. Isso inclui o aumento do teor de etanol na gasolina, o fortalecimento do diesel verde e o desenvolvimento de combustíveis sintéticos, como o Combustível Sustentável de Aviação (SAF, na sigla em inglês).
Além disso, para reduzir a quantidade de CO₂ na atmosfera, é preciso conservar e restaurar os ecossistemas que capturam e armazenam o carbono, como florestas, oceanos e solos. Nesse sentido, combater o desmatamento e as queimadas se torna igualmente essencial.
Estratégias de descarbonização para empresas
As organizações decidem suas estratégias de descarbonização com base na viabilidade para o negócio, oportunidades disponíveis e implementação prática. Algumas das medidas normalmente indicadas são:
- Melhora da eficiência operacional, reduzindo desperdício de energia;
- Eletrificação de frotas, substituindo tecnologias fósseis por opções elétricas mais limpas;
- Transição para fontes de energia com baixas emissões de carbono, como solar, eólica e bioeletricidade;
- Colaboração ao longo da cadeia de suprimentos, optando por fornecedores já comprometidos em reduzir as emissões ou os capacitando para isso;
- Processos para lidar com emissões residuais usando tecnologias como Captura e Armazenamento de Carbono (CAC) e Captura Direta de Ar (DAC), que removem e armazenam ou processam emissões de gases de efeito estufa.
A descarbonização afeta as esferas econômica e social, de modo que países e setores industriais buscam fazê-la paulatinamente, à medida que adaptam suas atividades e criam novas oportunidades de negócio e emprego.
Benefícios econômicos da descarbonização
Além de ter impactos positivos no meio ambiente e na sociedade, a descarbonização também pode trazer benefícios econômicos para os países, as empresas e os consumidores. Entre esses benefícios, podemos destacar:
Impulsionar a economia: a descarbonização pode estimular o crescimento econômico ao aumentar a produtividade, a competitividade e a eficiência dos setores que adotam práticas sustentáveis. Além disso, a descarbonização pode gerar novas oportunidades de negócio ao criar demanda por produtos e serviços de baixo carbono, como energias renováveis, biocombustíveis, veículos elétricos, entre outros.
Agregar valor a produtos e serviços: é de interesse de empresas e países comprometidos com metas de descarbonização se aliar a parceiros que caminhem nessa mesma direção. Os produtos com menor pegada de carbono acabam tendo preços superiores no mercado internacional. Enquanto isso, produtos e serviços poluentes vão sendo progressivamente desvalorizados.
Criar empregos: a descarbonização pode criar empregos diretos e indiretos, ao fomentar a inovação e o desenvolvimento de novas tecnologias e cadeias produtivas ligadas à economia verde. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a transição para uma economia de baixo carbono pode gerar 24 milhões de novos empregos no mundo todo até 2030.
Estimular inovações: a descarbonização pode estimular inovações tecnológicas, científicas e sociais ao incentivar a pesquisa, o desenvolvimento e a difusão de soluções sustentáveis para os desafios ambientais e climáticos. Essas inovações podem melhorar a qualidade de vida das pessoas, oferecendo mais segurança, saúde, conforto e bem-estar.
Desafios dos setores de difícil descarbonização
Alguns setores enfrentam desafios específicos para descarbonizar suas atividades, devido à alta dependência de combustíveis fósseis e à complexidade de eletrificação.
É o caso de operações com veículos pesados que percorrem longos trechos, como a aviação e a navegação, que juntos correspondem a cerca de 5% das emissões globais.
Estes dois setores estudam combustíveis alternativos tendo a Raízen como aliada.
Na aviação, além do hidrogênio renovável e da propulsão elétrica, o SAF vem se mostrando uma alternativa viável e promissora. Aliás, a Raízen é a primeira e única empresa do mundo a ter etanol certificado para compor esse produto. Ainda nesse setor, a Raízen tem investido em caminhões elétricos para levar os combustíveis até os aviões, reduzindo ainda mais as emissões.
No transporte marítimo, a Raízen também tem acordos para o desenvolvimento de alternativas. Biodiesel, metanol, hidrogênio e amônia verde são possibilidades para o setor.
Vale destacar que as soluções desses setores enfrentam obstáculos. O alto custo, a necessidade de adaptação dos motores, a falta de padronização e a concorrência com outros setores por fontes de energia renováveis são os principais deles. Por isso, é importante destacar o pioneirismo de empresas que se antecipam a essa demanda por combustíveis sustentáveis e alternativos, como a Raízen.
Inovações tecnológicas em descarbonização
Em todo e qualquer setor, as tecnologias e inovações do presente precisam ter como foco a redução das emissões de GEE. É preciso investir em fontes de energia que aumentem a eficiência, a sustentabilidade e a competitividade.
Algumas dessas inovações já estão sendo usadas, como a eletrificação de frotas com eletricidade vinda de fontes renováveis, como solar, eólica, hidrelétrica e biomassa.
Para expandir o acesso, é preciso desenvolver também tecnologias de armazenamento de energia, como baterias, hidrogênio renovável e sistemas de bombeamento. Elas permitem equilibrar a oferta e a demanda de energia, aproveitando os momentos de maior disponibilidade das fontes renováveis.
Exemplo de inovação eficaz e acessível é a produção de hidrogênio renovável a partir do etanol. Essa tecnologia pioneira está sendo desenvolvida pela USP, em parceria com a Raízen, a Shell Brasil, a Hytron e o Senai.
Este projeto é uma solução de baixo carbono para transporte pesado, incluindo caminhões e ônibus, com o primeiro posto a hidrogênio de etanol no Brasil e no mundo. A ideia é que a tecnologia possa ser expandida para os postos convencionais, facilitando a logística e o acesso.
Leia também: O caminho para um futuro sustentável passa pela indústria 4.0
Combustíveis sustentáveis importantes para descarbonização
Os combustíveis sustentáveis podem substituir os combustíveis fósseis em vários setores, ajudando na descarbonização. Alguns exemplos são:
Etanol comum: feito de cana-de-açúcar, milho ou outras plantas. Pode ser usado puro ou misturado à gasolina. Em comparação com a gasolina, o etanol emite até 80% menos GEE, segundo o Relatório de Sustentabilidade da Raízen.
E2G: produzido a partir dos resíduos da produção do açúcar e do etanol, e tem o mesmo desempenho que o primeiro etanol, mas emite 30% a menos de GEE. Comparado com a gasolina, a redução chega a quase 90%, segundo avaliação publicada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Biogás: feito de matéria orgânica, como resíduos urbanos e agrícolas. Pode gerar eletricidade, calor ou combustível para veículos. Reaproveita os resíduos que seriam descartados a partir da geração de um subproduto sustentável.
Biometano: feito de biogás purificado, o biometano pode ser usado em indústrias e veículos pesados como caminhões. Essa alternativa pode reduzir as emissões de GEE em até 90% quando comparado com o diesel convencional, segundo o Guia Técnico publicado pelo Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás).
SAF: mistura de combustíveis que utiliza etanol e reduz a dependência do querosene de aviação em motores a jato. A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) estima que o Combustível de Aviação Sustentável (SAF) possa contribuir com cerca de 65% da redução das emissões necessárias à aviação para atingir zero emissões líquidas em 2050.
Como empresa integrada de energia, a Raízen investe na produção desses e outros biocombustíveis importantes para a descarbonização.
O papel da Raízen na descarbonização global
A Raízen é a maior produtora de etanol do país e está cada vez mais ampliando o portfólio de energias renováveis. O etanol de segunda geração (E2G), o biogás, a bioeletricidade e os bioprodutos são parte do imenso potencial energético da cana-de-açúcar.
Esses produtos são obtidos a partir da biomassa da cana-de-açúcar, que é aproveitada ao máximo nos parques de bioenergia da empresa. Com a marca Raízen Power, a empresa também investe em energia solar e em projetos de mobilidade elétrica, como postos de recarga para carros elétricos da Shell Recharge.
Além disso, como vimos, a Raízen atua em parcerias para desenvolver outros combustíveis importantes para a descarbonização global. SAF, hidrogênio renovável e biocombustíveis para navegação são bons exemplos dessa atuação.
Como produtora certificada de energia limpa, a Raízen participa também do Renovabio emitindo créditos de descarbonização por biocombustíveis (CBios) que podem ser negociados no mercado financeiro. Os CBios representam a quantidade de carbono evitada pela substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis.
Além disso, a empresa também participa da Iniciativa Brasileira para o Mercado Voluntário de Créditos de Carbono. Trata-se de uma aliança de empresas brasileiras que tem a Mckinsey como parceira de conteúdo que pretende acelerar o desenvolvimento do mercado de carbono voluntário brasileiro.
Tudo isso, somado aos compromissos da companhia junto aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU tornam a Raízen uma parceira importante para jornadas de descarbonização de diferentes setores.
Como você pode ver, a transição energética é mais que um compromisso para a Raízen, é uma missão. Para saber como entendemos esse processo, acesse: Transição energética justa e os desafios para o Brasil