Você consegue imaginar como seria um dia da sua vida sem energia elétrica ou sem combustível para abastecer seu carro?
A segurança energética existe para evitar situações como essa: para que não falte energia de qualidade para ser ofertada à população. Ela também abrange outros requisitos, como a sustentabilidade no processo de produção de energia.
Mas, afinal, como um conceito tão amplo pode ser aplicado na prática?
Continue com a gente para saber mais sobre a segurança energética e como ela funciona no Brasil e no mundo.
Entenda como a matriz energética brasileira é composta
O conceito de matriz energética faz parte da segurança energética. Vamos começar por ele.
Matriz energética é o conjunto de fontes de energia utilizadas para realizar atividades cotidianas. Movimentar veículos, preparar alimentos, gerar eletricidade e aquecer água em processos industriais são alguns exemplos.
A matriz energética brasileira é composta, em sua maioria, por fontes renováveis de energia (como lenha e carvão vegetal, água de rios e oceanos, derivados de cana-de-açúcar e outras, como o sol), de acordo com o Balanço Energético Nacional (BEN, 2022).
Enquanto a matriz energética mundial tem 2,5% de fontes renováveis, no Brasil esse número é de 44,8%.
💡 Vale lembrar que a matriz energética é diferente da matriz elétrica: esta última é formada apenas pelas fontes que produzem eletricidade. |
Leia também: Energia limpa: entenda sua importância para as empresas e o meio ambiente
O que é segurança energética, afinal?
Segurança energética, significa criar condições capazes de garantir os meios de abastecimento de eletricidade em todo o país, assegurando a oferta e disponibilidade.
Nas palavras da Agência Internacional de Energia (IEA), segurança energética é a “oferta e disponibilidade de serviços energéticos a todo momento, em quantidade suficiente e a preços acessíveis”.
Para que haja uma estrutura de segurança energética livre de ameaças à geração e ao fornecimento de energia, é preciso ter uma matriz energética diversificada, de forma que o abastecimento não seja comprometido, a fim de alcançar uma estabilidade na rede de geração e distribuição de energia.
Qual é a importância da segurança energética?
A segurança energética é importante para evitar risco de falta de energia, reduzindo a instabilidade causada pelo difícil acesso a certas fontes energéticas.
Afinal, se faltar energia, a qualidade de vida da sociedade e principais atividades econômicas são prejudicadas em níveis significativos – desde as fábricas que são impedidas de produzir até os consumidores que ficam no escuro, por exemplo.
Nesse sentido, a segurança energética é fundamental para o desenvolvimento sustentável de um país, pois está relacionada à:
- Sustentabilidade ambiental, visando a conservação do meio ambiente e seus ecossistemas
- Sustentabilidade econômica, pois pode ser um diferencial competitivo para o país e seus grandes empreendimentos que demandam muita energia, além de viabilizar a geração de novos empregos
- Sustentabilidade social, pelo apoio no desenvolvimento de comunidades em projetos de larga escala
Segurança energética mundial
A segurança energética é um assunto de interesse global. A pandemia causada pela covid-19 e a guerra da Ucrânia, por exemplo, impactaram o setor energético no mundo todo, mostrando o quanto ele é vulnerável a grandes acontecimentos.
As mudanças climáticas são outra ameaça para a segurança energética mundial (talvez a maior delas).
António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), listou algumas ações que precisam ser priorizadas para uma “segurança energética real, com preços estáveis e oportunidades de emprego sustentáveis”:
- Aumentar o acesso à tecnologia e suprimentos de energias renováveis, removendo algumas barreiras de propriedade intelectual, por exemplo.
- Expandir e diversificar a escala de fabricação de componentes e materiais (como minerais, por exemplo), além de investir mais em pesquisas, inovações e capacitação de pessoas para práticas sustentáveis.
- Reformar políticas domésticas para agilizar e acelerar projetos renováveis, bem como catalisar investimentos do setor privado.
- Triplicar investimentos públicos e privados nas fontes de energia renovável (incluindo custeio de tecnologia e infraestrutura) e acabar com os subsídios para combustíveis fósseis. Para isso, estima-se pelo menos US$ 4 trilhões por ano até 2030, a fim de atingir emissões líquidas zero até 2050.
Entenda como está a segurança energética no Brasil
Como você pode ver alguns tópicos acima, a matriz energética brasileira é uma das mais diversificadas do mundo.
Nesse sentido, o país tem potencial para liderar o processo de transição energética a nível global, graças à diversidade de recursos naturais utilizados para a produção de energias renováveis.
A transição energética é fundamental para um mundo mais sustentável, para suprir a demanda global por eletricidade e para o desenvolvimento de todos os setores da sociedade.
Para ler depois: Transição energética: o que é, como ela ocorre no Brasil e os 5Ds
O relatório World Energy Trilemma Index 2022, feito pela consultoria Oliver Wyman e pelo Conselho Mundial de Energia (WEC, na sigla em inglês) mostra esse potencial:
O Brasil está em 8ª lugar no ranking mundial de melhor performance em segurança, equidade e sustentabilidade energética dentre mais de 100 nações. Junto com o Uruguai, são os únicos dois países não europeus a compor o top 10.
No entanto, ainda existem algumas barreiras a serem superadas para que o Brasil evolua ainda mais em termos de segurança energética.
Desafios da segurança energética no país
Em qualquer país do mundo, a condução de uma transição energética limpa, justa e segura é uma questão complexa.
Os desafios que cercam o Brasil não são tão diferentes de outros países. Entre eles, estão:
Intermitência: embora sejam abundantes no Brasil, todas as energias de fontes renováveis têm uma característica chamada intermitência.
Isso basicamente significa que a geração de energia só pode acontecer quando o recurso estiver disponível. As épocas de seca, por exemplo, afetam a geração de energia hidrelétrica.
Descarbonização do setor: os impactos causados pelas mudanças climáticas são um obstáculo que inviabiliza a segurança energética. Por isso, é preciso reduzir a emissão de gases de efeito estufa e promover atividades em nome da ação climática (o ODS 13, ou seja, o 13º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU).
O Brasil tem a meta de Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) de reduzir em 37% suas emissões de GEE até 2025 e em 43% em 2030.
Desigualdade: a energia é um recurso básico, mas ainda existem milhares de pessoas sem acesso a ela. Na região amazônica, por exemplo, mais de 425 mil vivem sem energia elétrica.
Produção centralizada: quanto maior for a distância entre o ponto de produção de energia e o ponto de consumo, maior será a perda de eficiência energética no processo de transmissão. Para isso, faz-se necessário a articulação de localidades que sejam estratégicas e que não viabilizem a perda de energia durante o processo de transmissão.
Assim, considerando o tamanho do território brasileiro, é importante que essa distância seja diminuída.
Complemente a leitura: 6 perguntas respondidas sobre eficiência energética
Como garantir a segurança energética no Brasil?
A geração distribuída é um dos caminhos para garantir a segurança energética. Ela consiste na instalação de geradores de energia próximo às áreas de consumo.
Suas maiores vantagens são o baixo impacto ambiental e a melhoria no nível de tensão da rede, o que contribui com a qualidade do serviço.
Outra forma de alcançar a segurança energética é com a energia complementar, que acontece quando uma fonte de energia é capaz de substituir a outra, quando uma está em período de intermitência.
A criação de políticas públicas pelo Estado que incentivem o uso de energias renováveis também é um passo relevante para a segurança energética.
Dessa forma, principalmente com parcerias entre setores público e privado, o Brasil pode ter mudanças efetivas e consistentes
Veja a relação entre segurança energética e meio ambiente
A segurança energética está diretamente relacionada com o meio ambiente.
É uma via de mão dupla, de causa e de consequência. O meio ambiente pode influenciar o nível de segurança energética e a produção e consumo podem afetar na sua conservação.
Por exemplo, se em um determinado território os recursos hídricos são escassos e a produção de energia for somente a partir desse recurso (água), há um alto risco de segurança energética nesse local. Além disso, fenômenos naturais intensificados por fatores antrópicos, como chuvas intensas ou seca intermitentes, por exemplo, podem interromper o fornecimento de energia elétrica.
Dessa forma, reforça-se a importância da diversificação da matriz energética, priorizando-se sempre o uso de energias limpas e renováveis.
Como funciona a segurança energética na Raízen?
A Raízen é uma companhia integrada de energia, referência global em bioenergia e líder na transição energética.
Uma de nossas soluções é a geração distribuída, que utiliza a energia gerada em usinas solares em diversos locais e a injeta na corrente elétrica das empresas, sem perda de eficiência.
Em parcerias com GDSun e a Gera, a Raízen provou que é possível levar energia renovável e certificada para grandes empresas, contribuindo com a economia e com a redução de emissões de carbono.
Maior produtora de derivados da cana-de-açúcar, somos referência global em energias renováveis a partir do bagaço da cana. A cana-de-açúcar, matéria-prima renovável que dá origem aos nossos produtos e serviços, é um recurso importante porque é um dos que dribla melhor o desafio da intermitência.
Ainda, contamos com diversas certificações que atestam nosso compromisso com processos de produção sustentáveis.
E, por falar em sustentabilidade, a digitalização das nossas atividades é uma das formas de contribuir para uma geração e comercialização de energia mais segura e de qualidade.
Atuamos em diversas partes do Brasil, e buscamos crescer ainda mais para aumentar a segurança energética no mundo e continuar concretizando nosso propósito: redefinir o futuro da energia.